
Mais do que o cartaz do filme, é o realizador Baz Luhrmann e a protagonista Kidman que despertam curiosidade e interesse nesta sugestão cinematográfica. Depois de projetos ambiciosos e arrojados como a versão moderna do Romeo + Juliet (con Di Caprio) ou Moulin Rouge, o realizador australiano apresenta o seu continente numa narração épica de tons mais tradicionais.
Destaca a sua realização óptima, principalmente a fotografia, os planos desde ângulos impensáveis e o discreto uso de sofisticadas tecnologias informáticas para criar efeitos especiais dignos duma grande produção.
Mas, principalmente, este realizador apresenta-nos uma história com ideais. «Tu és a tua história, e se não tens história, não pertences». No meio das vicissitudes de Sarah e Drover, junto com a criança Nullah, subjazem valores como a família, a amizade, o anti-racismo, a fidelidade, o heroísmo... muito apropriados para o nosso tempo.
Talvez seja necessário criticar a sua duração, provavelmente excessiva. Algumas falas da criança a armar-se em narrador omnisciente ou algumas imagens do avô feiticeiro, podiam ter sido cortadas antes e nada se perdia... Mas, no panorama actual, vale a pena tolerar essas cenas a mais (ou o sutaque australiano de quase todas as personagens, realmente difícil de ouvir com paciência...), porque ideais há cada vez menos...