21/02/2011

Vermelho (Rouge)

Krzysztof Kieslowski, 1994

A terceira cor da bandeira francesa representa simbolicamente a paixão, o amor e a fraternidade, neste que foi o último filme (e talvez o mais genial) do realizador polaco Kieslowski.

Como em Azul e em Branco, o tema é apresentado a través duma história central que se entrecruza com outras: Valentine, uma modelo bela e singela, ao tomar conta do cão que atropelou, toma conhecimento do seu dono, um velho juiz carrancudo e sozinho, que vive no ódio e no empenho por demonstrar a maldade do mundo. Pelo contrário, Valentine e a sua história, que o filme fará confluir num último plano e numa última cena dignos de estar entre os melhores da história do cinema, vão proclamar a fraternidade como possível e real.

Também numa forma mais perfeita do que nos outros filmes, os planos protagonizados pela cor vermelha e as aparentes coincidências chegam aqui ao seu ápice.

Uma cena aparentemente marginal faz entrever a genialidade desta trilogia. Nos dois primeiros filmes, aparecia em momentos diferentes uma pessoa que deitava uma garrafa de vidro num contentor. Neste, uma velhinha curvada tenta fazê-lo sem sucesso e Valentine, em sinal da fraternidade universal humana, ajuda-a.

10/02/2011

Branco (Bialy)

Krzysztof Kieslowski, 1994

Branco é talvez o menos consistente dos filmes da trilogia de Kieslowski dedicada à França e aos seus três valores nacionais. Neste, dedicado à igualdade, na realidade predominam os sentimentos da vingança e da exclusão social, causados pela falta de igualdade de direitos.

No contexto de 1994, anterior à actual configuração da União Europea, o polaco Karol, casado com a francesa Dominique, não conta com as mesmas defesas legais quando ela lhe impõe o divórcio e fica com todos os bens do casal. Literalmente obrigado a regressar à Polónia numa mala, Karol tentará atingir a «igualdade» nas nefastas consequências da falta de humanidade da relação. Olho por olho.

Se em Azul dominava a cor das águas da piscina onde Julie nadava, e em Vermelho os cartazes publicitários com a fotografia de Valentine, a neve e as paisagens frias dão o tom a Branco, sem conseguir porém um efeito tão poderoso como nas outras ocasiões. Notáveis são, nos três filmes, as interacções entre as três cores, em numerosíssimos fotogramas, e também as cenas entrelaçadas, por exemplo, nos corredores do Palácio da Justiça.