17/11/2008

Um bom homem é difícil de encontrar (A good man is hard to find), de Flannery O'Connor

Lisboa: Cavalo de ferro, 2006 (1957), 235 pp., 13,5€

Poderíamos dizer o mesmo dum bom livro: nem sempre é fácil de encontrar. Mas quem procura tem mais probabilidades de o encontrar.

Seria um bom lema para as personagens dos 10 contos recolhidos nesta colecção, primeira de dois séries publicadas recentemente em língua portuguesa. Há algumas que não procuram nada, que calculam os benefícios e prejuízos de cada evento, que já sabem. Há algumas ainda piores: proclamam-se inclusivamente crentes (como a Autora católica), acreditam na bondade do género humano, têm uma fé sem fundamentos, mas qualquer imprevisto lhes tira do sério.

E imprevistos há mesmo muitos nos contos de Flannery O'Connor. Nunca o leitor sabe o que se vai passar, ou então, quando se vai lendo e conhecendo o seu estilo, nunca o leitor deseja o temido final que pressente que ela está a preparar. Por vezes cruel no seu humorismo, quase à la Quentin Tarantino, não deixa de arrancar um sorriso e de fazer pensar mais do que parecia a primeira vista.

«Teria sido uma boa mulher», diz uma das personagens logo a seguir ao assassínio dessa mesma mulher, «se tivese estado lá alguém para a matar em cada minuto da vida dela». Com certeza, os leitores encontarão nesta leitura incentivos para não merecer ser mortos.

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