14/12/2008

Great expectations (Grandes esperanças), de Charles Dickens

Lisboa: Europa-América, 1975 (1861), 460 pp.

Já passaram os tempos do Bildungsroman, ou romances em que se narra o crescimento físico e espiritual duma personagem principal. Mas voltar a eles de vez em quando é um prazer, quando são tão humanos e completos como este, um dos últimos do aclamado Dickens.

Trata-se da descoberta progressiva dos valores humanos de Pip, o narrador. A história começa com a infância do órfão Philip Pirrip, na companhia da sua irmã e cunhado. A seguir, será levado à casa duma aristocrática excéntrica, onde se vai apaixonar pela sua filha: uma grande história de amor atormentado. Pip recebe generosos presentes económicos anónimos, de modo que consegue ir viver a Londres à procura do ascenso social. Mas a cidade faz-lhe perder a sua humanidade, numa luta contínua entre o amigo fiel e generoso que ele é e a pessoa ambiciosa e triste que se está a tornar.

O drama humano da personagem tem muitas facetas e as suas aventuras tocam variados âmbitos da existência, pouco fáceis de resumir. A atmosfera é fascinante, e tem sido reproduzida com sucesso numa versão clássica de cinema (David Lean, 1946), e também numa versão moderna que altera a época e os locais com certa originalidade e eficácia (Cuarón, 1998).

É um daqueles romances que se ama ou se detesta. Basta ler os primeiros capítulos para saber em que categoria nos colocamos: amamos Pip, temos compaixão dele, alegramo-nos com os seus sucessos e conquistas, ou então pensamos que é uma perda de tempo saber mais dele e da sua vida. Eu fiquei no primeiro grupo, das grandes esperanças, e não fui disiludido...

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