07/01/2015

A inocência do Padre Brown, de G. K. Chesterton

Lisboa: Aletheia, 2011, pp. 314, 15,30€
A figura dum sacerdote-detective, à moda de Sherlock Holmes ou Hercules Poirot, só pode ter sido imaginada por uma personalidade de génio como o convertido Chesterton. Em contos de poucas páginas, encontramos a tradicional apresentação dum crime, as tentativas de resolução e a desarmante sagacidade do detective que apanha o criminoso; só que, neste caso, o tal detective não é um polícia nem um investigador, mas um simples e aparentemente rude padre católico.
O Autor conta que, ao encontrar e conhecer a Igreja Católica, estava certamente à espera de que lhe falassem da moral e do bem, mas ficou espantado porque os católicos também falavam do mal, com igual profundidade e conhecimento de causa. Assim, quando criou a figura do detective Padre Brown, fez com que o seu método de investigação fosse baseado na sua experiência do mal: um padre que confessa, diz a personagem, passa muito tempo a ouvir pecados, e por isso tem facilidade em identificar-se com o mal que os homens fazem.
De facto, esta é a grande novidade de Chesterton nesta colecção de contos (que é a primeira de 5 séries, com um total de 50 histórias independentes): ao contrário dos métodos racionalistas e dedutivos que Conan Doyle aplicou para Sherlock Holmes, ou que ainda antes Allan Poe prefigurou no detective Dupin dos Assassínios da Rua Morgue, Chesterton usa a observação, o realismo e a experiência directa para que o seu Padre Brown desmascare o mal, sempre tão misturado com o bem...