Richard Linklater, 2014
«Mostrar a vida», as
coisas pequenas do dia-a-dia, os eventos normais, sem contar muitas
histórias, é a base deste avassalador filme de Linklater. Narra 12
anos na vida dum rapaz, Mason, filmados ao longo desse mesmo período
de tempo, e permite ver nos seus 166 minutos, de facto, a densidade
da vida.
Desde a primeira das 143
cenas, ficamos a simpatizar com o seu protagonista. Depois com a mãe
dele e com o pai, que constituem um núcleo de relacionamentos que o
introduzem na vida. Espanta a positividade com que estas personagens,
para nada idealizadas, enfrentam as situações pelas quais qualquer
criança e adolescente já passou, e qualquer pai ou mãe viu no
crescimento dos mais novos.
O ritmo narrativo é mantido
de forma espectacular pelas imprevisíveis mudanças de cena, pelo
inexorável decorrer do tempo e do crescimento, mesmo visual, das
personagens e de Mason em particular. Assim, nesta impressionante
experiência cinematográfica, consegue-se dar todo o espaço à
«normalidade», à beleza do quotidiano captado com uma máquina
fotográfica, às músicas que descrevem estados de ânimo, às
grandes perguntas sobre o sentido do nosso estarmos aqui, ao
«presente que nos agarra».
Sem mistificações, é uma
experiência do mais transcendente.
29/11/2014
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