A sugestão seria nesta ocasião uma peça de teatro. Mas como hoje não se encena no nosso País, quer o texto de Tennessee Williams quer a versão cinematográfica podem ser uma boa substituição. A história não é traída pelo filme em nenhum dos seus aspectos, e a força da escrita de Williams mantém-se de forma sublime.
Trata-se de um drama que descreve o combate entre a realidade e a mentira. Algumas personagens vivem de resignação, ambição ou instintividade. Ninguém parece estar disposto a «afrontar os factos». A morte iminente do pai de família, ou a recordação duma relação amorosa com um suicida por parte do protagonista são intoleráveis: é só possível «o refúgio do álcool ou a mentira». A pesar duma resolução final do drama da «gata» protagonista, ficamos a pensar que a complexidade dos factos apresentados ainda está por se solucionar.
É, sem dúvida, a força das personagens que torna esta peça extraordinariamente bela. Brick e Maggie em particular, numa interpretação cinematográfica de excepção do recentemente falecido Paul Newman (1925-2008) e da melhor Elizabeth Taylor (1932-).
Williams deixou-nos uma chave interpretativa numa marca da peça: «Some mystery should be left in the revelation of character in a play, just as a great deal of mystery is always left in the revelation of character in life».
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