18/02/2009

O estrangeiro (L'étranger), de Albert Camus

Lisboa: Livros do Brasil, 2006 (1942), pp. 118, 9,00€

«Hoje morreu a mãe. Ou talvez ontem, não sei. Recebi um telegrama do asilo: “Mãe morta. Enterro amanhã. Sinceros sentimentos”. Isso não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem».

O primeiro parágrafo deste romance é já o seu manifesto programático: tudo é indiferente para este jovem protagonista francês, estrangeiro em Argélia (como o próprio Camus). Os vizinhos, a sua relação amorosa com Maria, o enterro da mãe... Tudo é monotonia.

Quase por acaso, assassina um árabe, pelo que será condenado a morte. Mas Meursault não tem medo dela; é insignificante, como de resto a sua vida inteira, em que nunca significaram nada os valores, a responsabilidade, o que é extraordinário.

O romance torna-se assim um interessante tratamento do famoso ennui francês, que consegue aborrecer e enjoar o leitor. Talvez por isto é um bom romance: quase que consegue fazer-nos pensar que Meursault tenha razão.

Mas é pena não haver uma proposta/resposta: com a morte do protagonista fecha-se qualquer porta à esperança.

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