Quando foi escrito em 1948, num trocadilho de números, o que para nós é hoje passado quase remoto era um futuro longínquo. Mas ainda hoje este romance futurista é um clássico da modernidade.
Mais do que utopia, deve falar-se de distopia, isto é, da criação dum mundo ideal que se torna inimigo terrível para os seus habitantes. Habitantes que, em 2009, podemos ser nós próprios.
O romance que criou a expressão «Grande Irmão», quando ainda não era possível sequer sonhar com tecnologias digitais, internet e satélites, apresenta algumas personagens que tentam fugir desse mundo distópico. São aqueles com quem tentamos identificar-nos, pois vemos que não se conformam ao totalitarismo imperante. Muito actual, dado que assistimos também hoje a certos totalitarismos disfarçados de liberdade (jornalístico, político, mediático...).
A chave de leitura: a própria humanidade, reflectida nalguns trechos tão significativos como este: «Eles [o Poder] podem-nos obrigar a dizer tudo, tudo o que entenderem... mas não nos podem fazer acreditar no que dissermos. Dentro de nós eles não entram. O fundo do coração, cujo funcionamento até para nós constitui um mistério, há-de ser sempre inexpugnável».
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