23/11/2011

Restless (Inquietos)

Guus Van Sant, 2011

Segundo a Bíblia, Enoch era o nome dum neto de Adão e Eva: viveu menos anos do que todos os seus parentes, mas esses seus anos faziam um número perfeito. E este é o invulgar nome do protagonista do poético filme de Van Sant Restless, um jovem inquieto por uma série de perguntas que envolvem a morte e a fragilidade da vida, paradoxalmente ligadas a experiências de beleza e perfeição.

São temas caros ao realizador de Will Hunting, Paranoid Park ou Elephant (mas também de Milk). E são temas que não deixam tranquilo o espectador, fazendo deste título uma espécie de carta de apresentação do que se vai obter no fim da fita. Mas é um paradoxo, porque a medida que a história avança sentimo-nos atraídos pela sua verdade e beleza, compreendendo melhor aquilo que no princípio (ou no trailer) parece quase surreal.

O filme está em pé graças às maravilhosas interpretações dos jovens Mia Wasikowska e Henry Hooper, num quase contínuo primeiro plano que atinge momentos únicos. A seguir, a fotografia e a música complementa.

Uma imagem usada pode servir de chave interpretativa do filme: existe uma espécie de pássaro que canta músicas belíssimas só de manhã, e isto é, explica a protagonista, porque ao adormecer pensa que vai morrer, mas quando acorda de novo no dia seguinte canta a alegria da vida.

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