12/05/2011

Elephant

Guus Van Sant, 2003

Como é que é possível focar a delicadeza humana ao filmar um massacre num liceu americano, numa livre adaptação dos famosos assassinatos de Columbine? Parece impossível, mas o realizador Van Sant consegue fazê-lo com grande habilidade e maestria. Sobre tudo, fixando pormenores da vida quotidiana dos adolescentes de uma escola, dos seus comportamentos sociais e individuais, da sua incapacidade última de adaptar-se ao meio envolvente, da beleza de corpos, espaços, luzes, cores e contrastes.

As cenas, por vezes meditativas e genialmente entrelaçadas, não só mostram ao espectador esse dia-a-dia, mas também estão filmadas de maneira a fazê-lo entrar dentro das paredes dessa escola, como se fosse mais um adolescente desnorteado. É principalmente pelo meio dos travellings (câmaras que seguem as personagens) que parece que acompanhamos esta dúzia de jovens, literalmente escolhidos num casting improvisado num liceu.

A tensão narrativa é igualmente genial. Apesar de um ritmo pausado, sabemos desde o início que um ou alguns dos miúdos que vemos vão assassinar os outros. Por isso, perante a simpatia que por eles nasce quase espontânea, emerge também a pergunta chave do filme: porque é que se pode chegar a destruir essa humanidade com um acto tão desumano?

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