Há autores e obras que permanecem na história da literatura e que, infelizmente, se conhecem mais de forma indirecta do que directa. É o caso dos romances de John Barrie dedicados à mítica e quase mística figura de Peter Pan, a criança que nunca cresceu.
Eis um filme que indirectamente nos aproxima quer do escritor, quer da sua genial personagem. No fundo, o seu realizador Forster pretende explorar um único tema, que encerra ambas histórias: aquela pessoal de Barrie, centrada no seu envolvimento com uma família cheia de crianças obrigadas a crescer, e aquela de Peter Pan, encarnada nalguns eventos fantásticos representados.
«Representação» é uma palavra-chave do filme: re-apresenta histórias, mitos, factos, que reconhecemos na sua universalidade. O teatro também joga um papel importante no desenrolar da acção: nele, difumina-se a fronteira entre o que é e o que poderia ser. É óbvio que neste âmbito joga-se sempre uma ambiguidade, uma espécie de contraposição entre viver o real e a fantasia; mas um olhar comprensivo saberá integrar ambas realidades humanas.
Cheio de ternura quase natalícia e com interpretações inesquecíveis de Johnny Depp e Kate Winslett, vale a pena tirá-lo do fundo das nossas prateleiras e encontrar de novo essa Terra que abre ao eterno.
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