Sam Mendes, controverso realizador de filmes como American Beauty ou Revolutionary Road, caracteriza-se principalmente por oferecer uma perspicaz e inteligente crítica à sociedade burguesa contemporânea (americana, mas, como diz ironicamente uma personagem: «se a América é assim, como serão as moscas à volta dela?»). Falta-lhe sempre, porém, uma proposta alternativa. Diante deste panorama, o que fazer?
Neste filme, temos um casal amoroso à espera do seu primeiro filho, aos 34 anos: Burt Farlander and Verona. Quando descobrem que os avós estão a pensar em mudar de continente para os próximos anos, decidem eles também mudar de cidade, à procura dum «lugar para viver», dum «lar». Esta viagem pelos velhos amigos e familiares do casal permite-nos realizar uma viagem cheia de estereótipos da família americana (um casal com cinco crianças multi-étnicas adoptadas, um casal new-age que não usa carrinhos de bebé para não puxar as crianças para longe dos pais, e ainda outras experiências mais desagradáveis).
Com grande sentido do humorismo, por vezes cínico e por vezes até amargo, o senso do surreal provoca gargalhadas, que num segundo momento levam a reflectir: quase que os falhados Farlander parecem os mais normais dentro desta espécie de jardim zoológico humano. E, assim, no fundo, esta crítica social não é destrutiva, mas positiva (em particular, na cena dos compromissos que substituem o casamento que nunca se realiza). No fundo, saímos do cinema a pensar e a sorrir.
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