10/12/2010

A estranha vida de Nobody Owens (The graveyard book), de Neil Gaiman

Lisboa: Presença, 2010 (2008), pp. 304, 13,00€

De facto, é uma vida estranha aquela duma criança encontrada num cemitério por um casal falecido algum século atrás. Nobody, a personagem principal do romance, é um «Ninguém», porque os seus pais e irmã foram mortos nas primeiras páginas do livro e passou a viver num cemitério, junto das personagens mais rebuscadas das várias gerações de homens e mulheres lá sepultados.

Como quase todos os romances de Gaiman, explora-se assim uma fronteira entre o mundo tal e como o conhecemos e outros mundos, em parte fantásticos e em parte muito mais reais do que as aparências do nosso dia-a-dia. A riqueza do sentido do mistério que rodeia esta história não é só sugestiva: remete para o modo de conceber a realidade, o mundo, a vida e a morte.

Talvez seja este o aspecto mais intrigante, misterioso e belo: a relação entre vida e morte que o romance problematiza. Nobody é humano e por isso cresce e desenvolve as suas capacidades, ao passo que o resto das personagens do cemitério ficam eternamente com a mesma idade e qualidades. Sem grandes filosofias ou metafísicas, o romance leva-nos por mundos que pareciam inexistentes.

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