15/12/2010

Eu não tenho medo (Io non ho paura), de Nicolò Ammaniti

Lisboa: Dom Quixote, 2003 (2001), pp. 192, 13,00€

«Quando era criança sonhava com frequência com monstros (…) e conseguia enganá-los». É Michele quem assim fala, uma criança de nove anos que vive no Sul da Itália e que, apesar de descobrir o mal nos adultos que o rodeiam, não tem medo nem desses adultos nem do próprio mal.

O sucesso do romance está numa narração muito bem construída, com uma tensão dramática crescente, e numa ambientação sensacional no calor estivo italiano. Mas o seu fascínio vem de dois aspectos muito sugestivos: a amizade entre crianças e o desejo de vencer o mal com o bem.

Num passeio de bicicleta, Michele encontra por acaso um buraco numa casa em ruínas, onde uma outra criança, Filippo, está presa. Não morta, como ele pensa inicialmente, mas sim esfomeada e presa por grilhões e sequestradores. «Tu e eu somos iguais», chegarão a dizer, nesta promitente ajuda que Michele oferece.

O drama cresce quando Michele descobre que são o próprio pai dele e seus amigos os protagonistas do sequestro. Mas não está disposto a ceder no seu propósito e, numa heróica cena final, demonstra não ter medo. Aliás, demonstra que nós nunca devemos ter medo.

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