Numa velha antologia encontro recolhidos os sonetos números 12, 18, 23, 29,30, 60, 65, 66, 73 e 116. Pode ser boa ideia começar por estes, para descobrir neles algumas das chaves da poética do maior génio da literatura inglesa.
Já se afirmou que a forma poética do Soneto é a mais perfeita, com os seus 14 versos. Salvo raríssimas excepções, Shakespeare utiliza sempre uma estrutura de três grupos de quatro versos, mais um dístico final; isto é, um esquema 4-4-4-2. Suficientemente simétrico e rimado, perfeitamente silábico no clássico ritmo do pentâmetro jâmbico inglês, e ao mesmo tempo com um certo desequilíbrio entre as três proposições e a conclusão final, constituem um perfeito exercício de maestria linguística, uma perfeita imperfeição.
A tradução, certamente livre, que Vasco Graça Moura oferece nesta edição, propõe diferentes tentativas de transposição destas formas para português, algumas mais felizes do que outras. Para o leitor pouco familiarizado com o inglês da época isabelina, porém, são uma boa maneira de aproximação a formas poéticas complexas, longínquas da banalidade contemporânea.
Muitas interpretações se deram destes Sonetos, e provavelmente aí reside a sua grandeza, como no teatro deste mesmo Autor. A amizade, o amor, a traição, a vida e a morte, a misteriosa «mulher oscura», fazem desta leitura um feliz reecontro com um génio universal e eterno.
Sem comentários:
Enviar um comentário