30/11/2009

Sonetos (Sonnets), de William Shakespeare

Lisboa: Bertrand, 2002 (1609), Edição de Vasco Graça Moura, pp. 342, 25,00€

Numa velha antologia encontro recolhidos os sonetos números 12, 18, 23, 29,30, 60, 65, 66, 73 e 116. Pode ser boa ideia começar por estes, para descobrir neles algumas das chaves da poética do maior génio da literatura inglesa.

Já se afirmou que a forma poética do Soneto é a mais perfeita, com os seus 14 versos. Salvo raríssimas excepções, Shakespeare utiliza sempre uma estrutura de três grupos de quatro versos, mais um dístico final; isto é, um esquema 4-4-4-2. Suficientemente simétrico e rimado, perfeitamente silábico no clássico ritmo do pentâmetro jâmbico inglês, e ao mesmo tempo com um certo desequilíbrio entre as três proposições e a conclusão final, constituem um perfeito exercício de maestria linguística, uma perfeita imperfeição.

A tradução, certamente livre, que Vasco Graça Moura oferece nesta edição, propõe diferentes tentativas de transposição destas formas para português, algumas mais felizes do que outras. Para o leitor pouco familiarizado com o inglês da época isabelina, porém, são uma boa maneira de aproximação a formas poéticas complexas, longínquas da banalidade contemporânea.

Muitas interpretações se deram destes Sonetos, e provavelmente aí reside a sua grandeza, como no teatro deste mesmo Autor. A amizade, o amor, a traição, a vida e a morte, a misteriosa «mulher oscura», fazem desta leitura um feliz reecontro com um génio universal e eterno.

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