17/09/2009

Confissões, de Santo Agostinho

Lisboa: Casa da Moeda, 2000 (398), pp. 780, 10,60€

Em sentido próprio, esta é a primeira autobiografia da história da literatura universal. Anteriormente, encontramos o discurso de defesa pronunciado por Sócrates na Apologia que escreve o seu sucessor Platão, ou o relatório das campanhas militares do geral Julius Caesar narrado nos seus Comentários. Mas Agostinho é o primeiro que põe em evidencia um percurso pessoal de toda a sua pessoa, de toda a sua vida.

Neste clássico, são memoráveis e famosas algumas páginas de extraordinária beleza. Cabe destacar a descrição da relação de Agostinho com sua mãe Mónica, que com as suas lágrimas obtém a conversão do filho; ou então as páginas sobre o seu filho Adeodato, sobre a morte do seu melhor amigo, com o qual partilhava «uma só alma»...

Dirigindo-se a Deus, escreve: «Tarde vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde vos amei! Vós estáveis dentro de mim, mas eu estava fora, e fora de mim vos procurava» (10,27). Ou: «Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti» (1,1).

Uma confissão é para muitos fonte de curiosidade, e sabe-se que Santo Agostinho teve muitos pecados de que se arrepender. Mas atenção: o título da obra refere-se não só à confessio peccati, à confissão dos pecados no sentido moderno, mas também à confessio laudis, a confissão do louvor a Deus. Por isso, é um clássico da espiritualidade de todos os tempos e de todas as tendências.

Sem comentários: