29/04/2009

Um eléctrico chamado desejo e outras peças, de Tennessee Williams

Lisboa: Relógio d'Água, 2009, pp. 360, 15,00€

É difícil dizer o que têm em comum quatro peças como Um eléctrico chamado desejo, De repente no último verão, Verão e fumo e A gata em telhado de zinco quente (ver post 27/Fev/2009). Escritas e encenadas entre 1947 e 1958, todas elas foram adaptadas ao cinema na seguinte década, por realizadores como Mankiewicz, Brooks ou Kazan.

Pessoalmente, considero que o fascínio de Williams deve-se à profunda humanidade das personagens que cria, muitas delas desdobramentos da sua própria pessoa. São exaltadas, exageradas, e por vezes quase cómicas, mas levam sempre dentro um rasgo que as define, um «something that we live for», que se encontra em todo ser humano.

Williams estuda temas tão complexos como a obsessão, o assassinato, as doenças mentais, os amores impossíveis. As situações complicam-se, o drama atinge níveis altíssimos, muitas personagens são levadas ao limite do colapso. Mas há sempre uma resolução positiva, uma ou outra personagem que consegue sair triunfante no meio deste drama.

Com o risco duma redução simplista, ouso dizer que essa positividade de fundo vem sempre daquelas personagens que procuram um significado no meio das circunstâncias complexas, que comovem o leitor porque seguem intuições profundas. Corresponde-nos mais procurar além da aparência do que o cinismo de quem vê só o mundo material, ou então inventa uma realidade ilusória. Foi esta a procura de Williams a través do seu teatro.

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