«A grande obra-mestre de piano Quadros duma exposição do russo Mussorgsky narra uma grandiosa parábola vital. É claro que os Quadros não são música descritiva, nem simplesmente a representação literal do compositor que visita uma exposição póstuma do amigo arquitecto e pintor Viktor Hartmann. Mas têm o valor duma profunda e original reflexão existencial, por vezes tecida de candor, por vezes duma nostalgia ardente, por vezes duma dureza que assusta.
A luz irreal das noites brancas, os bosques de bétulas, as planícies intermináveis, as cores e perfumes da estepe, o silêncio dos bosques e os lagos, a majestade dos rios, o fragor das tempestades do Mar Branco, os sons inconfundíveis dos sinos e dos cânticos da Igreja Ortodoxa, o forte sentimento da predestinação dum povo que no Cristianismo identificou a sua própria razão de ser... são todos elementos que se podem sentir claramente “representados” nos Quadros não como folclore, mas sim como símbolo privilegiado para expressar a vida com as suas harmonias e as suas contradições» (Simone G. Pedroni)
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