Lê-se numa hora esta breve história, que de lenda tem só o título. Escrita em quinze capítulos de poucas páginas, quando damos por isso, já acabámos.
Joseph Roth não deve ser confundido com Philip Roth. O nosso autor não é judeu americano, escritor de dezenas e dezenas de best-sellers. Pelo contrário, Joseph Roth é austríaco, viveu na primeira metade do século XX e foi principalmente jornalista, embora tenha escrito alguns romances.
Esta lenda, em particular, foi publicada postumamente, e narra um facto fora do comum: Andreas Kartak, um sem abrigo que dorme debaixo das pontes do Sena em Paris, recebe dinheiro de formas inusitadas, com um pedido: deverá devolver a quantia a Santa Teresinha do Menino Jesus, numa igreja da cidade.
Por uma parte, a história destaca a tentativa moral de Andreas, paradigma cristão da procura de resposta à graça, nunca realizada. Por outra parte, deixa-nos uma reflexão: será que o nosso dia-a-dia não está também cheio de «milagres»? Lá vai uma citação para pensarmos:
«Não há nada a que nos possamos habituar tão facilmente como aos milagres, quando estes acontecem duma forma sucessiva. Sim! A natureza do homem é tal, que este se chega a tornar mau, quando não lhe é concedido ininterruptamente tudo aquilo que um destino casual e temporário lhe pareceu prometer» (p 46).
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