15/03/2009

Gran Torino

Clint Eastwood, 2008

Politicamente incorrecta, esta reflectida visão dos Estados Unidos (cada vez mais globalizados) oferece também uma inteligente perspectiva da raiz religiosa desta nação.

Walt Kowalski, um Eastwood idoso mas na sua «dureza» característica, é um racista wasp que não suporta os vizinhos orientais que povoam o seu bairro. Nostálgico dum passado melhor, representado pelo velho carro que ele próprio contribuiu a fabricar, parece saber mais da morte que da vida. Chega a ser até divertido na sua linguagem grosseira e nos seus insultos indiscriminados.

Mas a história desenrola num fundo cristão (embora não católico). A visão do Catolicismo é positiva, representada pela figura dum padre de 27 anos, que na sua inocência até diz coisas justas. Mas Eastwood parece querer mostrar que a sua posição não chega: a experiência de guerra e a idade da personagem que encarna pensa que sabe mais.

Esta personagem, Kowalski, redescobre a sua humanidade por uma série de encontros com o «próximo», e acabará por oferecer a sua própria vida, numa cena carregada de simbolismo, quase numa identificação com Cristo na cruz. Esse plano fundamental, e a grelha através da qual fala com Thao na sua casa, reminiscente da grelha do confessionário do padre Janovich, são algumas chaves para descobrir uma América profundamente cristã, tão esquecida no Hollywood bem pensante.

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