Um dos grandes romances da literatura do século XX, um dos grandes romances russos de sempre: um clássico.
A um leitor ocidental contemporâneo chama a atenção a grande quantidade de personagens do romance (algumas edições até contêm um índice de nomes). São centenas deles, cada um com nome, apelido e patronímico, cada um com a sua história, com o seu percurso de vida único e irrepetível. Como os numerosos comboios do romance, cada um com o seu itinerário e as suas paragens, com o seu destino.
De facto, este parece o tema predominante do romance, além das histórias pessoais dos seus protagonistas principais, humanas e fascinantes. Num contexto de socialismo, de estatalismo uniformador, de colectivização e de alienação do indivíduo, Pasternak faz emergir o «eu» de cada ser humano, na sua maravilhosa unicidade. E faz perceber como é a pessoa quem protagoniza a história, e não os sindicatos, a Revolução de Outubro ou o regime soviético.
Com uma visão muito afastada de qualquer moralismo ou lógica do sucesso, Pasternak apresenta, de facto, uma realidade cativante que produz a adesão simples aos factos, à vida. Não é por acaso que a tradução literal do apelido do protagonista, Jivago, significa «o vivente».
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