15/03/2012

Cartas ao Pastor Jaakob (Postia pappi Jaakobille)

Klaus Härö, 2009

Certo: não aparenta prometer muito um filme finlandês com praticamente só três personagens, com o orçamento e efeitos especiais deste blog, com uma «banda sonora» composta por breves fragmentos dum nocturno de Chopin, e com uma trama que se pode resumir em 3 linhas.

Ainda assim, a história que une um pastor luterano cego, uma ex-presidiária e um carteiro, tem uma sua força humana que convence. Em pouco mais de uma hora, faz-nos entrar num mundo desconhecido, cheio de emoções quase sempre reprimidas. O mérito da realização é fazê-las ver e compreender, quase com mais clareza ao espectador do que às próprias personagens.

O tema principal questiona o papel do Pastor (no concreto, deste limitado Pastor Jaakob), cuja missão parece esgotar-se quando deixa de receber e enviar cartas de conforto e ajuda a seus seguidores. Aqui vê-se que não se trata dum padre católico (que encontraria sentido ao seu ministério também sem um «povo»), mas da visão luterana do pastor como representante da comunidade que vive em função da mesma. Por isso, em última instância, essa missão entra em crise.

Talvez valha mais a pena deter-se na personagem de Leila, cuja história parece secundária a esta, mas acaba por mostrar-se ainda mais humana e completa.

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