Um jornalista do Los Angeles Times, Steve Lopez, pretende escrever um artigo sobre um sem-abrigo, outrora músico promissor. Mas percebe logo que este encontro vai abrir novos horizontes para a sua vida: «Nunca amei nada da maneira que ele ama a música», diz depois duma das suas primeiras conversas com ele.
O realizador Wright, que já nos surpreendeu positivamente com Atonement (Expiação), explora de novo situações pessoais ao limite, para redescobrir o lado bondoso e mais humano de dois homens sozinhos e rejeitados. Saíndo do cliché do génio musical-doente mental (por exemplo, de Shine, com Geoffrey Rush, de 1996), arrisca muito no estudo meditativo duma relação conflitual, que protagoniza o filme mais do que a música ou a excelente fotografia.
A mensagem final é excelente: uma lição de humanidade para quem se lança no voluntariado à procura de responder às necessidades dos outros, e não consegue mudar nada, mas acaba por receber muito mais do que teria esperado: a satisfação da entrega da vida.
O seu defeito é talvez ser «demasiado» meditativo, isto é, por vezes lento. Quem gostar de Beethoven, poderá deliciar-se com as suas músicas e os jogos de destaque do violoncelo solista e da orquestra (incluindo um jogo visual interessantíssimo). Quem amar pouco a música clássica, veja o filme num dia em que não estiver sonolento.
1 comentário:
Luís sendo eu do ponto de vista musical completamente analfabeto não consegui deixar de me comover com este filme.
Impressionou-me, entre outras coisas, a frase final do Lopez. Qualquer coisa como "se forem fieis ao bem que encontraram ao de regressar a casa".
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