No início deste filme, Michael (o magnífico Zach Braff) anuncia aos seus sogros que vai ser pai pela primeira vez, com certas dúvidas, ou com pouco entusiasmo. Está para fazer 30 anos, tem a mulher perfeita, é um arquitecto de sucesso. Mas, pouco depois, confessa: «Estive a pensar na minha vida ultimamente, e sinto tudo já planificado. Já não há espaço para surpresas».
Sentimentos tão na moda como este, rodeiam-se a seguir de outra série de lugares comuns, encarnados em personagens e frases muito realistas, embora terríveis: Chris (o também magnífico Casey Affleck), que não suporta mulher e filho bebé; Izzy, desesperadamente abandonado pela mulher que ama; Kenny, que reduz o amor a sexo; e os próprios sogros, numa crise matrimonial aos 60 anos.
Michael sabe qual é o caminho certo, mas a tentação aparece na figura duma colegial que o tenta seduzir...
Nesta descrição da incapacidade de assumir responsabilidades, do medo à paternidade, da dificuldade de afirmação pessoal e dos próprios valores e princípios, finalmente há esperança. Há uma figura paterna, alguém que obriga a enfrentar a realidade, a ser fiel à verdade. O sacrifício implicado neste seguimento da verdade escancarará uma porta, a porta da esperança que só a perseverança pode abrir.
1 comentário:
Este filme é um remake do italiano L'ultimo bacio, de Gabriele Muccino (2004). Mas não vale a pena perder o tempo com esta primeira versão. Sem o equilíbrio dramático de The last kiss, com actuações mais superficiais e por vezes exageradas, e sobre tudo sem a figura paterna e sem a procura da verdade final, torna-se um hino à vida burguesa de pouco interesse.
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