06/01/2009

Assassínio na Catedral (Murder in the Cathedral), de T. S. Eliot

Lisboa: Cotovia, 1989 (1935), 122 p.

A história está já contada no título: o arcebispo Tomás Becket, santo inglês do século XII, vai ser assassinado na sua própria casa. O drama (porque se trata duma peça teatral) passa-se na mente do arcebispo e do leitor/espectador, ao ser confrontado com as personagens que aparecem. O coro das mulheres de Cantuária, em primeiro lugar, que representa a mentalidade do povo, realista, mas conservadora e pouco amiga das complicações; três padres, que mostram o caminho da santidade desde diferentes ópticas; e quatro tentadores, que mostram vários caminhos fáceis para o arcebispo, incluído a vanglória do próprio martírio.

Não me preocupa manter o suspense e não contar o fim desta peça: sabe-se já. Mas talvez o leitor/espectador não saiba ainda com quem deles se vai identificar, se deixar ao lado os seus preconceitos ou posições religiosas prévias. Os padres e os tentadores são todos convincentes, a modo de cada um...

O maior poeta inglês do século XX, pelo menos em língua inglesa, T. S. Eliot, escreveu também cinco peças de teatro, pouco conhecidas. Entre elas, esta é a primeira e a mais linear, a menos complexa e a mais facilmente compreensível pelo leitor contemporáneo. O seu estilo é tão poético que encanta; as falas tão bem estudadas e estructuradas que espantam continuamente; os símbolos ricos e imediatos (em particular as repetições do número 3 e do número 4, para o Bem e o Mal respectivamente).

Um clássico que se lê em quarenta minutos.

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