21/05/2009

West Side Story

Bernstein/Robbins, 1961

Leonard Bernstein foi o criador da música, a partir de textos de Laurents adaptados por Sondheim, com coreografias de Jerome Robbins. A primeira versão do musical foi em Broadway, e depois foi feito um filme por Robbins e Wise estreiado em 1961, com a maravilhosa Natalie Wood e um tal Richard Beymer.

O musical está em Lisboa, no Politeama, numa adaptação de Filipe La Féria, bastante fiel ao texto original, a pesar de algumas traduções livres pouco eficazes, e muito a pesar uma cena de alcova perto do patético. Mas vale a pena passar uma tarde no teatro para o ver. Se não, vale a pena procurar a versão cinematográfica.

Principalmente, pela força da história e das personagens. Trata-se duma revisitação do clássico tema do shakesperiano Romeu e Julieta: um amor impossível entre duas pessoas de famílias e contextos inconciliáveis, presságio de tragédia. São Maria e Tony, de origens porto-riquenha e polaca, ligados a duas bandas juvenis de Nova Iorque. A acção é rápida e humana, próxima ao espectador contemporâneo.

Não é possível ficar indiferente diante das coreografias tão bem conseguidas. Por vezes, são dezenas de pessoas no palco, e nenhuma delas está fora de lugar, incomoda ou distrai. Quando o dinheiro abunda para uma produção assim, também não se podia esperar algo diferente...

03/05/2009

A lenda do santo bebedor (Die Legende von heilingen Trinker), de Joseph Roth

Lisboa: Assírio e Alvim, 1997 (1939), pp. 86, 8,00€

Lê-se numa hora esta breve história, que de lenda tem só o título. Escrita em quinze capítulos de poucas páginas, quando damos por isso, já acabámos.

Joseph Roth não deve ser confundido com Philip Roth. O nosso autor não é judeu americano, escritor de dezenas e dezenas de best-sellers. Pelo contrário, Joseph Roth é austríaco, viveu na primeira metade do século XX e foi principalmente jornalista, embora tenha escrito alguns romances.

Esta lenda, em particular, foi publicada postumamente, e narra um facto fora do comum: Andreas Kartak, um sem abrigo que dorme debaixo das pontes do Sena em Paris, recebe dinheiro de formas inusitadas, com um pedido: deverá devolver a quantia a Santa Teresinha do Menino Jesus, numa igreja da cidade.

Por uma parte, a história destaca a tentativa moral de Andreas, paradigma cristão da procura de resposta à graça, nunca realizada. Por outra parte, deixa-nos uma reflexão: será que o nosso dia-a-dia não está também cheio de «milagres»? Lá vai uma citação para pensarmos:

«Não há nada a que nos possamos habituar tão facilmente como aos milagres, quando estes acontecem duma forma sucessiva. Sim! A natureza do homem é tal, que este se chega a tornar mau, quando não lhe é concedido ininterruptamente tudo aquilo que um destino casual e temporário lhe pareceu prometer» (p 46).