Quando o jovem actor Jimmy aparece caraterizado de Hitler, depois duma longa preparação para aquele que será o seu novo papel, confessa que por fim irá desistir. Porque? Porque esteve a observar as pessoas à sua volta e escolheu não deter-se no terror, mas falar do desejo. «Cada um de vocês abre os meus olhos» e, por diferente ou estranho que seja o desejo de cada um, é isso que nos torna seres humanos. A seguir, vemos um plano de um monje budista a levitar, numa clara referência transcendente.
Assim é o cinema de Sorrentino: escolhe falar do desejo, das «emoções», segundo as palavras de outra das personagens. Com estupenda simpatia e ironia, com realismo e graça, às vezes com excessiva nudez e crueza, a sua câmara filma de forma espectacular aquilo que é humano e nos constitui.
O tema principal é uma reflexão sobre a essência da juventude, desde o ponto de vista paradoxal de um par de amigos idosos que passam férias num complexo nos Alpes. Mais do que uma definição, procuram-se imagens, contrastes, várias faces da mesma experiência, novas luzes que iluminam aquilo que todos já vivemos duma ou outra maneira.
Mais uma grande beleza.
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