14/06/2011
Pina
Wim Wenders (2011)
Este é um filme centrado na beleza, e a beleza é algo que não se compreende nem se pode explicar. Pode-se só ver, experimentar. Com efeito, o seu realizador Wenders, e também uma das bailarinas do filme por palavras semelhantes, afirmam que Pina Bausch «confiava muito mais naquilo que se pode ver que naquilo que se pode dizer». E aqui vemos filmagens extraordinárias, como que nos fazem entrar num palco, que ao mesmo tempo não cansa, porque se desdobra em contextos urbanos, salas de espectáculos, lugares monumentais e florestas.
A través da dança, de facto, esta homenagem à recentemente falecida coreógrafa que dá título à longa-metragem é uma poesia visual. Mas não só: também mostra a grandeza humana desta mulher, que não se pode reduzir à pura originalidade da sua arte, mas que se manifesta muito bem ao fazer vir ao de cima o que cada indivíduo é. Sirva como exemplo a cena em que um gesto de alegria que um bailarino realiza é desenvolvido numa coreografia completa.
Predominam as cenas em que uma mulher protagonista se mostra frágil ou debilitada, sinal da profundidade do seu drama humano, e uma pergunta de fundo explicitada quase no fim (antes do fado final em que os olhos são comparados a duas Avé-Marias): «What are we longing for? Where does all this yearning come from?»
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